METODOLOGIA DA AVALIAÇÃO
Para proceder à avaliação financeira de uma
determinada empresa e determinar o seu valor, podem utilizar-se diversos
métodos de forma separada, ou em conjunto. Entretanto, não existem sistemas
perfeitos nem métodos perfeitos. (Damodaram
1997).
Não passam mais que meros elementos de suprimento
para aqueles que aspiram tomar decisões estratégicas tão distintas onde se
necessita determinar o valor de uma empresa.
Depois de, ter
apresentado no capítulo anterior a revisão da literatura de forma simplificada,
pretende-se neste capítulo, apresentar de maneira detalhada os métodos que
serviram como base da avaliação.
A avaliação da
Sociedade Mineira de Catoca teve como base o seguinte modelo:
Modelo dos fluxos de caixa livre descontados.
Por ser a metodologia
mais genérica. E, de acordo com a teoria financeira moderna, uma empresa vale
pela sua potencialidade de criar riqueza no futuro. O método do fluxo de caixa
livre descontados, não avalia a empresa em função dos dividendos a distribuir
no futuro aos acionistas, mas em termos da sua capacidade futura de gerar
fluxos de tesouraria que acabarão por remunerar todas as entidades que
financiam a empresa.
Segundo
Neves, (2002), o modelo dos fluxos de caixa livre descontados é
reconhecidamente superior a todos os outros.
Metodologia
da avaliação da Catoca
A avaliação da Sociedade Mineira de Catoca obedece à
metodologia dos fluxos de caixa livre descontados. Baseando-se nos elementos
históricos da empresa e nas expectativas de crescimento da empresa, estimam-se os
fluxos de caixa livre futuros até cinco anos. Daí em diante, admite-se que os
fluxos de caixa cresçam a uma taxa constante perpetuamente.
A avaliação por meio deste método
exige a utilização de uma taxa de desconto. A taxa de desconto utilizada nesta
avaliação é a taxa do custo médio ponderado, que se destina a remunerar os
financiadores, quer de capital próprio como também de capitais alheio.
Estimação do custo de capital da Catoca
A estimação do custo de capital
próprio é de difícil quantificação. O custo de capital próprio é a taxa de rendibilidade
exigida pelos detentores do capital da empresa.
Damodaran (1997) afirma que a
quantificação do custo de capital é muitas vezes subjetiva quando não são
usados procedimentos padrão para estimar o custo de capital. Dependendo do
entendimento do investidor quanto ao risco incorrido e do seu julgamento quanto
ao prémio de risco do mercado exigido.
Para o cálculo, do custo de capital
próprio, é habitual considerar como taxa livre de risco (Rf), a rendibilidade
proporcionada pelos títulos garantidos pelo estado, acrescido de um prémio de
risco de mercado.
Para estimação do custo de capital próprio
da Catoca, é preferível a aplicação do modelo CAPM (Capital Asset Pricing Model),baseado na equação seguinte:
Re = Rf + β (R m - Rf).
Sendo:
Re Custo Médio do
Capital Próprio
Rf Taxa Isenta de
Risco
Rm Rendibilidade do
Mercado
Beta Elasticidade entre a
rendibilidade da Empresa e do Mercado.
Contudo,
a implementação desta metodologia verifica-se impraticável porque a Sociedade
Mineira de Catoca não está cotada em bolsa de valores e em Angola não existir
um mercado de valores imobiliários organizado. A solução para este problema é
encontrada pela via da aplicação de modelos ajustados ao CAPM.
4.3.1 Metodologia utilizada na estimação do
custo de capital próprio - CAPM GLOBAL
Segundo
Damodaran(1997) o modelo CAPM (Capital Asset Pricing Model), na sua versão original não está adaptado à realidade dos mercados
emergentes. Em função disto, especialistas indicam alternativas que visam
suprir esta gritante falta, que se traduz em Modelos ajustados. O CAPM assegura
que a taxa de retorno exigida para os ativos, é a taxa de juro de risco,
acrescentada de um prémio pelo risco que o investidor incorre ao aplicar seu
dinheiro num ativo com risco. Dentro da diversidade de modelos ajustados ao
CAPM, destacam-se:
· Variante
Global (S&P 1200)[1]
· Variante
Local. (S&Pan Africano)[2]
O CAPM GLOBAL, segundo Roger etal (1998) é o mais adequado para
mercados menos eficientes, porque existe de facto uma grande integração dos mercados financeiros catapultados pela globalização financeira.
Para o cálculo do Custo de Capital Próprio neste cenário aposta-se no modelo
CAPM GLOBAL, pela seguinte equação:
Re
= RFG + BLG × (RMG - RFG)
Onde:
Re Custo Médio do Capital
Próprio
RFG Taxa Isenta de Risco do
Mercado Global
RMG Rendibilidade do Mercado
Global
BLG Elasticidade entre a
rendibilidade da Empresa e do Mercado Global
Na
ausência da integração dos mercados financeiros, os investidores tomam como
relevante o risco de país. Neste cenário, aconselha-se o uso do CAPM LOCAL a
fim de calcular o custo de capital próprio, pela seguinte expressão: (Oldecorn
Roger & Parker David 1998).
Re
= RFL + BLL × (RML - RFL)
Re Custo Médio do Capital
Próprio
RFL Taxa Isenta de Risco do
Mercado Local
RML Rendibilidade do Mercado
Local
BLL Elasticidade entre a
rendibilidade da Empresa e do Mercado Local
Fonte: Roger 1998
Segundo
Keck (1993; citado por Rodrigues, Jorge 2010) o modelo CAPM LOCAL sobre estima
o risco, criando uma duplicação do risco porque, quota-parte do risco país,
já está contabilizada no prémio de risco de mercado. Atesta-se que, a
ineficiência nos mercados menos desenvolvidos proporciona aos analistas
variantes esplendidamente contestáveis que tornam impossível a comparação do
desempenho entre empresas. Em detrimento do exposto, o modelo CAPM segundo
Damodaran (1997) é utilizado nos mercados emergentes, aplicando-se ao modelo
tradicional, ajustamentos pontuais em função da realidade da integração dos mercados financeiros.
Entende-se por integração de mercados financeiros o descolamento entre a
localização dos ativos financeiros e a nacionalidade de seus proprietários. A
aplicação do modelo CAPM GLOBAL nos mercados menos eficientes é baseada pelos
fundamentos que assentam nos seguintes termos:
1º
Apesar de existir poucos estudos sobre o custo de capital nos mercados
emergentes, existem um grande universo de dados tratados, aplicáveis ao modelo
CAPM, fornecidos por peritos.
2º
Deve-se também, ao fenómeno integração global dos mercados de diamantes. As regras
dos mercados, não são suficientes nem eficientes para garantirem igualdade no
acesso às fontes de rendimento. No entanto, a integração económica alude a um
conjunto de normas de caracter económico visando à promoção e aproximação entre
as economias de dois ou mais países. Porém, a composição acionista da Sociedade
Mineira de Catoca evidencia integração nos mercados financeiros, pois que, é
detida por quatro empresas de países distintos (Angola, Rússia; China e Brasil)
sendo, uma delas (Alrosa- Rússia) a maior produtora de diamantes do mundo em
termos de quilates produzidos. Sendo esta responsável pela distribuição de 27%
de diamantes vendidos no mundo.
O vínculo laboral entre Alrosa e Catoca,
o processo de certificação de diamantes brutos, a regulação internacional da
compra e venda de diamantes por intermédio do processo Kimberly veio promover a
integração da Sociedade Mineira de Catoca. Porém, a integração da indústria de
mineração, deve-se fundamentalmente à cooperação estratégica entre os
detentores de recursos minerais e os detentores de recursos tecnológicos.
Contudo, as circunstâncias são partilhadas por todos e as transações são
negociadas livremente.
Damodaran
(2014) apresenta a tabela denominada Emerging Markets e Wacc Global, onde, com
base em estudos avançados, apresenta o custo do capital de empresas de
mineração dos países emergentes tais como a África do Sul, que atuam no mesmo
segmento de mercado com a Sociedade Mineira de Catoca, sendo elas empresas de
países membros do processo Kimberly, do qual Angola é a presidente.
Os dados tratados e fornecidos por Damodaran
(2014), enquadram-se perfeitamente nesta avaliação porque a estratégia de crescimento económico da
Sociedade Mineira de Catoca foi definida tendo em conta o desenvolvimento das
economias emergentes, sendo que, grande parte das exportações no que diz
respeito ao comportamento das vendas a retalho de diamantes é consumida por
países emergentes, sendo a China e India os principais consumidores.
Aplica-se
aqui, a teoria de Damodaran (2002), que atesta que na ausência de valores
históricos indicativos, para o prémio de risco de mercado, indigita-se um
prémio de risco em função das particularidades dos mercados financeiros.
Taxa
isenta de risco
No modelo CAPM, a taxa padrão
disponível para os investidores na sua totalidade, é representada pela taxa
livre de risco (Rf). Para determinar a taxa livre de risco, é necessário seguir
um padrão universal. Damodaran (2002) aconselha o uso da taxa t-bond. Contudo,
o título do tesouro dos Estados Unidos da América é considerada por uma grande
maioria de peritos e analistas, como a taxa de risco mínima para todos os
mercados. A taxa livre de risco nominal é a média de títulos do tesouro dos
Estados Unidos da América de 10 anos 5,31%.
Segundo Neves, (2002) é comum os avaliadores utilizarem a
média de títulos do tesouro com maturidade próxima de dez anos.
Tabela 3 Taxa de rendibilidade
das obrigações do tesouro EUA
Média
Aritmética [3]
|
S&P 500
|
3 Meses T. Bill
|
10 Anos T.Bond
|
1928-2014
|
11,53%
|
3,53%
|
5,28%
|
1965-2014
|
11,23%
|
5,04%
|
7,11%
|
2005-2014
|
9,37%
|
1,44%
|
5,31%
|
Fonte: Damodaran 2015.
Apesar da integração económica no nível dos
países produtores de diamantes que se entende por um conjunto de medidas
político-económicas que regulam o mercado de diamantes, a taxa livre de risco,
deve refletir o risco país. Pese embora o mercado de diamante seja global,
admite-se o risco ligado aos aspetos políticos e legais que podem afetar o
investimento. De acordo a metodologia aplicada nesta avaliação no que concerne
ao modelo CAPM GLOBAL, o risco país a ter em conta, será o risco dos EUA. O
mercado Norte-americano é considerado maduro e titular da classificação Moody
Aaa (Risco país = 0,00%).[4]
Logo, Rf = 5,31%
Rendibilidade
de mercado
A taxa de rendibilidade de mercado é
definida como a diferença entre a rendibilidade esperada de uma carteira
diversificada e a rendibilidade esperada do instrumento financeiro isento de
risco. Estes elementos não são efetivamente observados, pelo que, é imperioso recorrer
há outras variáveis que supostamente estejam relacionadas com aquelas
espectativas e forneçam informação relevante acerca das mesmas.
Entre os diversos métodos utilizados,
o Prémio de Risco Histórico (PRH) é o que apresenta menor desvio entre as estimações.
E o facto de, ser apenas nos Estados Unidos da América aonde foi efetuado
cálculos com o PRH corrigido da volatilidade, torna o índice de mercado de
valores dos EUA como o melhor índice de mercado. Logo, o retorno anual do
mercado de ações dos EUA é dado como a rendibilidade de mercado para esta
avaliação. Segundo os dados
obtidos do site do professor Damodaran, o retorno do mercado de ações é igual a
10,75%.
[1] S&P
1200 É o resultado da disposição de sete índices regionais como: S&P500
USA; S&P/TSX60 Canada; S&P/ASX 50 A11 Austrália; S&P Europa 350;
S&P Latino-Americana 40: S&P/TOPIX150-Japão; S&P ASIA 50. S&P
1200 é constituído por 1200 empresas de 29 países, representando 70% do mercado
de capitais mundial.
[2]S&P
Pan Africa É o resultado da combinação de 333 empresas de 12 países de Africa
onde se evidenciam a Africa do Sul com 138 empresas e a Nigéria com 33
empresas.
[3]
Os dados apresentados, foram extraídos em 15 de Dezembro de 2014 e atualizados
em 10 de Abril de 2015.Podem ser consultados em: http://www.stern.nyu.edu/~adamodar/pc/datasets/histretSP.xls.
[4] Taxa de risco país, fornecida
por Damodaran, em 10 de Abril de 2015. Podem ser consultados em http://www.stern.nyu.edu/~adamodar/pc/datasets/ctryprem.xls.
Boa noite prof,Vim explorar ms uma vez o blog...
ResponderEliminarBoa noite prof com essa nova publicação fiquei sem saber quando estou a falar do Wacc e quando estou a falar de risco no mercado CAPM, por favor ajuda-me
ResponderEliminarProf o retorno esperado de um titulo está literalmente ligado com o BETa(B)?
ResponderEliminarOlá Galiana.
EliminarAguarde que já lhe vou ajudar a compreender isso.
Boa noite prof
ResponderEliminarProf gostaria de saber se a situação em que Angola se encontra pode ser o momento certo para investidores locais?